Por Juliana Marton
Todos os Homens do Presidente trata do escândalo de Watergate, que ocorreu em Washington, em 1972, e que conquistou as capas de vários jornais em todo o globo. O caso, que começou com um aparente roubo no edifício Watergate, acabou desenrolando numa trama de espionagem política, que envolvia o então presidente, Richard Nixon. Com o escândalo, Nixon foi obrigado a abdicar do cargo.
O filme retrata a situação de maneira surpreendente, e traz a luz questões como a ética jornalística que se fazem tão presentes nas discussões que hoje cercam o jornalismo. Durante o rolar da trama, os jornalistas Bob e Carl, interpretados por Robert Redford e Dustin Hoffman, respectivamente, e que trabalham no então The Washington Post, fazem uma investigação incessante e incansável para alcançar a verdade dos fatos na solução de um caso extremamente confuso.
Além disso, o filme mostra a fina relação que os jornalistas mantêm com suas fontes. As personagens possuem uma enorme lista de possíveis fontes que estariam envolvidas no caso e que poderiam ajudar na solução desse mistério que se instaurou ao redor do Watergate. Conforme a data em que o filme foi criado, estão as roupas e cortes de cabelos. Não se pode dizer, hoje, que é totalmente idêntico à época atual, mas seria possível que o enredo do filme passasse-se nos dias de hoje, numa redação moderna.
Nota-se também uma glamorização da profissão jornalista, colocando os profissionais com suas xícaras de café e donos de uma capacidade tremenda de raciocínio lógico, o que os torna uma espécie de detetive a serviço da sociedade. Com a densa cobertura que o The Washington Post, e mais tarde outros jornais de renome, fizeram do caso, a investigação foi levada mais a fundo, e os investigadores chegaram a suspeita do envolvimento da Casa Branca, o que mais tarde veio a ser comprovado, coma ajuda dos veículos de informação. Nixon apresentou sua demissão em 1974, e foi substituído por Gerald Ford, que concedeu anistia e evitou que o então recém-demitido presidente fosse processado.
O jornalismo apresentado no filme é um tanto raro hoje em dia, podemos até dizer que, atualmente, não é o jornalista quem corre atrás da notícia, mas esta corre atrás do jornalista. Todavia, Bob e Carl foram atrás de suas fontes e praticaram um jornalismo sério e ético, do ponto de vista do serviço público prestado à sociedade estadunidense.
O trabalho jornalístico perdeu muito com o passar dos anos, e hoje é comum encontrar-se redações onde as informações são apenas remodeladas para que se tornem notícias. Da mesma maneira, acontece com o relacionamento entre fonte e repórter. Hoje ela não mais é arbitrária ou casual, mas espera-se algo realmente do entrevistado, logo, é mais confortável o uso de fontes oficiais, pois são mais seguras e já têm exatamente aquilo que vão dizer o que é pressuposto para um bom texto.
Bob e Carl, personagens do filme, sabiam que a maioria das fontes que estavam ali em sua lista teria muita coisa a dizer, só não sabiam como as informações seriam úteis para a resolução do caso. Sendo assim, o filme Todos os homens do presidente, mostra-se muito atual, pois traz discussões que refletem a atualidade, dessa forma é útil objeto de estudo para nós alunos de comunicação/ jornalismo.
Resenha produzida em Abril de 2008.
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