A regulamentação da atividade de
Relações Públicas trouxe consigo uma variada gama de questionamentos sobre a
conduta dos profissionais e das organizações em que atuam. Principalmente, com
a modernidade, determinadas questões tornaram-se urgentes, dentre elas a ética
que, hoje, é vista pela sociedade como pré-requisito nos relacionamentos
mercadológicos, vez que se entende que esta relação entre organizações e
públicos deve ser equilibrada, ou seja, uma relação de troca harmoniosa.
De acordo com Andrade (2009)[1],
a discussão sobre a ética organizacional teve início da década de 1980,
ganhando mais destaque nos anos 1990. De acordo com a autora, “a ênfase no
comportamento ético deixou de ser um modismo". Neste sentido, afirma Andrade,
o profissional de relações públicas, enquanto representante da imagem das
organizações, assume um papel fundamental na gestão de relacionamentos baseados
em padrões éticos.
“A própria definição de Relações Públicas deixa
evidente que é preciso estabelecer e/ou buscar a compreensão mútua e os
interesses coletivos, e isto só pode ser conseguido, se houver uma preocupação
com a ética nos relacionamentos e com as estratégias de comunicação que
propiciem o diálogo, para a construção participativa de um comportamento ético,
em toda a organização e para com todos os seus públicos" (ANDRADE, 2009)
A autora defende que a adoção de
um modelo ético de gestão de relacionamentos, desempenhado pelos profissionais
da comunicação, preferencialmente, os relações-públicas, trará retorno a
qualquer organização que a adote, pois esta “não precisará, no futuro, arcar
com uma série de prejuízos que podem ser gerados, ou ter que ‘corrigir’ algo
que está feito, por uma atitude mal pensada no momento anterior” (ANDRADE, 2009).
Neste sentido, a adoção de um
Código de Ética próprio às organizações e o respeito ao da própria categoria,
aprovado em 1972 pelo Conselho Federal de Relações Públicas (Conferp), são
aspectos lógicos para a manutenção de uma gestão inteligente e ética, tal qual
como aponta Abreu (2012)[2].
De acordo com ela, “o código de ética em uma empresa torna-se vantajoso para os
públicos com os quais interage, pois fortalece a imagem da organização,
agregando valor a ela. Já que a ética passou a ser um fator de
competitividade."
A questão da competitividade
mercadológica é um dos pontos tratados, também, por Whitaker (2006)[3].
A autora, contudo, vai um pouco além, destacando a influência que os valores
individuais tem frente aos processos de tomada de decisão dentro das
organizações. Uma vez que, de acordo com a pesquisadora:
“quando se fala em empresa ética, quer-se dizer que as
pessoas que nela trabalham são éticas e buscam a excelência. Que os princípios
e valores eleitos pelos seus fundadores e que impregnam a cultura da
organização são éticos. Que os seus colaboradores, desde a alta administração
até o último contratado, zelam pela conduta ética, e procuram exercer a liberdade
com responsabilidade, tanto no seu relacionamento interno, como com o público
externo” (WHITAKER, 2006)
Desta forma, o Código de Ética
seria mais um facilitador do processo mercadológico, tendo-se em vista que
contribui para esse equilíbrio entre interesses das organizações e seus
públicos, considerando-se sempre a dimensão individual que influencia
diretamente nestas questões, aliando os valores tangíveis das empresas, aos
valores intangíveis que provem das pessoas que compõem as mesmas.
Por esta razão, a adoção de um
modelo semelhante ao proposto por Ianhez[4]
faria sentido. O autor acredita que ao se diferenciar a Ética dos Valores, as
organizações acabam criando uma situação conflitante de interesses, vez que a
ética, nesta perspectiva, estaria mais aliada a um processo de sanções e
punições, enquanto os valores diriam respeito a prosperidade e desenvolvimento.
A mudança na nomenclatura parece
ser simples, vez que, todavia, a linguagem é uma das dimensões fundamentais na
formação do indivíduo, o questionamento e sugestão tornam-se lógicos no
processo de implantação de uma gestão voltada para a harmonia entre os
interesses das organizações, seus públicos, a sociedade, em geral, e até mesmo
o meio ambiente. "Um Código de Valores dá aos membros de uma organização
direção, visão comum, decisões uníssonas, independente da distância que os
separam” (IANHEZ).
Logo, a ética seria incluída,
sem dúvidas nesse apanhado de valores fundamentais a atuação de toda e qualquer
organização. Mas, vista sob esta perspectiva, teria sua vivência e aplicação na
gestão organizacional facilitada, vez que, como escreve o autor, priorizaria
uma liderança baseada em valores e não em sanções, incentivando as práticas
éticas por parte daqueles que compõem as organizações e são, em suma, os
responsáveis pelo que estas representam socialmente.
[1] Relações Públicas: construindo
relacionamentos éticos nas organizações (2009) – Zilda Aparecida Freitas de
Andrade. Disponível em
[2] A importância do código de ética nas organizações
(2012) – Niedja Abreu. Disponível em
[3] Por que as empresas estão implantando
códigos de ética? (2006) – Maria do Carmo Whitaker. Disponível em
[4] Ética, código de valores, relações públicas
e desenvolvimento organizacional – João Alberto Ianhez. Disponível em
Ensaio elaborado para a disciplina de Legislação em Relações Públicas, em dezembro de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário