“A ética na publicidade é
possível”, é o que afirma Maurício Turra, professor da Escola Superior de
Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP). Para tanto, na opinião do
publicitário, ela deve incorporar valores ligados à sustentabilidade e evitar
os estereótipos. Com efeito, a cobrança por uma nova publicidade, mais
consciente e construtiva, está intimamente relacionada com a demanda do
consumidor que se tornou mais exigente ao longo da história.
Estas nuances de mudança no
comportamento social vem sendo sinalizadas nas últimas décadas por vários
autores, como é o caso de Philip Kotler. Em seu livro Marketing 3.0, o autor
observa que os profissionais de publicidade, marketing e design devem ter
conhecimento sociológico, filosófico e antropológico, a fim de lidar com a
complexidade do comportamento do consumidor.
Neste sentido, a publicidade apenas reflete essas mudanças.
“Como
resultado dessa crescente tendência da sociedade, os consumidores estão não
apenas buscando produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades, mas
também buscando experiências e modelos e negócios que toquem seu lado
espiritual” (KOTLER, 2010)
Não é apenas a sociedade, no
entanto, que tornou a execução da criatividade no campo mais difícil. No
Brasil, a área é influenciada e regulada por várias instâncias, desde a defesa
do consumidor, até a regulação das peças produzidas em agências. O exercício
ético, contudo, parece negligenciado, em certos aspectos, quando se pensa na
concepção geral disseminada pelas campanhas publicitárias.
A mulher, por exemplo, possui
um ideal característico da figura europeia: cabelo liso, nariz fino, corpo
margo e rosto maquiado. Mas, com as transformações sociais, outras figuras
passaram a ganhar espaço nas campanhas. Como é o caso da “Real Beleza”, da
Dove, que se utiliza de mulheres com os mais variados biótipos e em situações
do dia a dia, ou seja, sem maquiagem. Essa leitura traz uma quebra da
disseminação de estereótipos, largamente utilizada na linguagem publicitária.
A discussão ética, então,
passa não só pelas leis que regulamentam o setor, mas também pelas
características da sociedade em que se atua. No entanto, a atuação de um órgão
competente neste sentido, torna-se ainda mais urgente. O Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária (Conar) foi criado em no final da década de
1980, para execução do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.
O código estabelece doze
princípios gerais a serem observados pelos profissionais na montagem de
campanhas e peças em seu código, sendo eles: Respeitabilidade; Decência;
Honestidade; Medo, Superstição e Violência; Apresentação Verdadeira;
Identificação Publicitária; Propaganda Comparativa; Segurança e Acidentes;
Proteção da Intimidade; Poluição e Ecologia; Crianças e Jovens; e Direito
Autoral e Plágio.
"A
discussão da ética que norteia este mercado interage entre empresas
anunciantes, agências, veículos, órgãos reguladores (PROCON e CONAR) e a
própria sociedade. Falar de ética significa falar de respeito ao mercado, sendo
este composto pelas empresas e seus produtos e os seus consumidores"
(COSTA; JIMENES; FRAGA)
Referências:
KOTLER, Philip. Marketing 3.0 - Elsevier
Editora Ltda, 2010.
COSTA; JIMENES, FRAGA. Ética na Propaganda.
Disponível em <
https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/RFD/article/viewFile/522/520>
Entrevista com Maurício Turra, ESPM. Disponível
em <http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/parceiros-do-planeta/a-etica-na-publicidade-e-possivel-afirma-mauricio-turra-da-espm-sp/>
Ensaio elaborado para o Módulo de Ética e Responsabilidade Social, em setembro de 2015, em parceria com Tiago Machado.
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